quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Desculpas pelo caos.

- “Desculpem-nos por nossa incompetência e omissão”.
- “Desculpem-nos por nosso descaso e ganância”.
- “Desculpem-nos por nossa conduta criminosa e irresponsável”.
Estas são as frases que deveriam ser repetidas cento e noventa e nove vezes em todos os altos falantes das salas de embarques nos aeroportos do Brasil.
Governo e empresas envolvidas deveriam penitenciar-se diante do país por suas ações e omissões que culminaram no acidente do AIRBUS-320 da TAM em 17 de julho de 2007.
Cento e noventa e nove vidas ceifadas. Cento e noventa e nove famílias enlutadas, algumas, mais de uma vez.
Para a sociedade essas mortes certificam e coroam todo o “esforço” e “empenho” com os quais autoridades e empresários se debruçaram para resolver o que nos últimos dez meses foi denominado como “caos aéreo”.
Os diplomas agora deverão ser dependurados nas paredes das salas e gabinetes, gravados nas consciências e impressos nas almas, caso autoridades e empresários tenham uma das duas.
Procurar os responsáveis e apontar os culpados é questão retórica e midiática. Qual dos setores envolvidos possui conduta para assumir responsabilidades: Governo, indústria ou empresas aéreas? Nenhum! - Reposta a ser repetida cento e noventa e nove vezes - Não há aqui necessidade do dom da vidência para se ter uma idéia de como a investigação e a punição desse caso serão levadas a termo. Basta procurar na história recente - o acidente envolvendo a aeronave da Gol e o jato Legacy, ocorrido em setembro do ano passado, 154 mortes. O acidente com o Fokker 100 da TAM, em 31 de outubro de 1996, 99 mortes - como os outros casos dessa natureza terminaram.
Diante das manchetes que afirmam ter sido a explosão do Airbus causada por um erro do piloto, e das declarações dos responsáveis pelas investigações, que por meio de comunicado oficial, confirma ser essa uma das hipóteses, pode-se entender que a apuração dos fatos caminha para a conclusão de que o culpado é o acaso, acrescido da soma dos fatores adversos, dividido pela falha humana e multiplicado pelo cinismo dos discursos, o que resultará em nada.
Nada além de mais cento e noventa e nove mortes, e uma população descrente de sua soberania. Um nada que torna insuportavelmente insatisfatória sua condição social, sua prática de cidadania e seus escrúpulos éticos.
- “Desculpem-me pela falta de fé”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Beleza mano véio....

Seu blog tá ótimo!

Vou entrar nele sempre.


Beijão,
Eduardo