É provável que alguns místicos já estejam pensando em responsabilizar o mês de agosto pelo desastre que se abateu nas bolsas de valores em todo o mundo capitalista. Mas, o certo é que esta crise já se desenhava desde abril deste ano com a divulgação dos fracos resultados e de indicadores que sugeriam uma forte desaceleração do mercado imobiliário norte americano. No final de abril, o The Wall Street Journal publicou reportagem onde analisou os efeitos colaterais nos países da América Latina quanto à redução de envio de dinheiro de imigrantes para seus países de origem. Era apenas a ponta do iceberg.
O que vinha pela frente seria ainda mais catastrófico. A intricada rede de financiamentos e refinanciamentos, com garantia dos títulos hipotecários, levou ao nocaute, num efeito dominó, o mercado global. Iniciado pontualmente com a bolsa de Nova Iorque e terminado com as quedas das bolsas da Ásia, deixou um rastro de insegurança e desespero em muitos investidores no mercado.
Depois de beijar a lona, o mercado agora procura debulhar as causas do desastre e analisar os efeitos que ainda se desdobrarão sobre o mundo capitalista. De acordo com alguns analistas, a causa principal são os chamados “empréstimo de risco” ou sub-prime.
O que seriam então esses empréstimos, e como podem afetar o mercado global? Simplificando, são empréstimos concedidos a pessoas que têm histórico de crédito duvidoso ou não têm como comprovar a renda. Nos últimos anos, esse tipo de empréstimo tornou-se popular na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. A princípio pode ser um empréstimo de baixos valores em dinheiro para pessoas de baixa renda, ou concedidas a pessoas que seriam rejeitadas por grandes credores por causa de seu histórico de crédito ou situação profissional.
Nos últimos cinco anos, as baixas taxas de juros praticadas pelo mercado norte americano, e a grande valorização dos preços no mercado imobiliário, levaram bancos e outras instituições financeiras a concederem muitos empréstimos sub-prime. Com a globalização dos mercados, essas dívidas hipotecárias foram vendidas a instituições financeiras e investidores em todo o mundo.
Mas, a constante elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, provocou o crescimento da inadimplência na liquidação destes empréstimos. E em conseqüência, o aumento nas tomadas de imóveis, o que levou a uma desvalorização geral no mercado imobiliário americano.
Talvez a razão para tanta volatilidade e a pronta atuação dos bancos centrais nos mercados, é que ninguém, incluindo analistas, agências de controle e os próprios bancos centrais sabem com certeza quais e quanto os fundos de investimentos que operam nos mercados internacionais estão “contaminados” por títulos lastreados por maus devedores. O circo pegou fogo.
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