Sinto uma necessidade de observar.
De capturar pela retina as nuanças do concreto.
Isto me aflige e me encanta.
Sou movido por um desejo de conhecer do mundo.
Conhece-lo pelo detalhe, pelo entalhe, pela dobra, pela cor, por uma fresta ou pelo olhar maroto de um anjo barroco.
Tudo me seduz e me prende indefinidamente ao espaço urbano.
Vagabundo?
Nunca.
Perambulo pelas vias como um mascate de sonhos, meus sonhos.
Se não vivesse assim enlouqueceria.
Olho as colchas dependuradas.
Vejo quadros emoldurados por janelas.
As janelas emolduradas por paredes e essas emolduradas pelo tempo.
É assim, que vejo.
Tudo me chama atenção mas, são os detalhes que como o canto de sereia me seduzem.
E seduzido, me entrego e diante de um objeto, de uma rua, de um canto de esquina paro e observo.
Observo, penso e vivo.
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