quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Relendo....





Relendo tantas palavras que já escrevi é impossível ficar indiferente e não acreditar em sonhos em não sentir brisas ou atirar-me para o desconhecido. Nas palavras o mundo pode ser mais perfeito porque é um ambiente onde habita as ilusões os sonhos e os desatinos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O descaso do enterro


Ao chegar em casa tenho noticias do falecimento de um dos irmãos de uma querida amiga. Este é o tipo de assunto que em todos, imagino, gera um certo incomodo e, sem querer, remete-nos a nossos próprios lutos. É a vida com sua teimosia que cisma em continuar. Devido ao avançado da hora e, tendo em vista a eventual ocorrência de assaltos aos incautos que se impõe tal tarefa preferi ir ao velório logo pela manhã. Decisão tomada, recolhi-me.

No dia seguinte, segui para o velório no cemitério do Bonfim, onde o amigo, em corpo presente, recebia as, derradeiras, homenagens. Passado o tempo dos cumprimentos de pêsames e das emoções que se põem em nós, sentei-me e, aproveitando do momento, pus-me a refletir sobre os valores da vida e suas efemeridades. Até que o assunto de uma conversa, que ocorria ao meu lado e concorria com meus pensamentos, me chamou a atenção. Não havia água no prédio.

Depois desse alerta vi aguçada a curiosidade. De pronto, levantei-me e comecei a medir passos e observar o estado das coisas. Começando pelos jardins, era lastimável o que via. Apesar de mostrar alguns arbustos recortados, escondia-se, por detrás, a grama alta e mal conservada. A fachada, de mármore branco, tem na pequena marquise algumas pedras que se soltaram e não foram recolocadas. Em seu interior o prédio é triste. Triste não apenas por carregar em si um contexto de luto e dor, mas por sua conservação que é um insulto. Logo na entrada dá-se de cara com uma escada com a pintura descascada que, aparentemente, leva a lugar nenhum. Bem larga, ela vai até um portão fechado no subsolo. As paredes sujas são adornadas com uma horripilante barra de tinta a óleo, que se apresenta completamente descascada. Além do chão de marmorite imundo. As unidades do velório, em seu interior, acompanham a decoração de todo o prédio, ou seja, a completa falta de conservação e o descaso gritante. E, pasmem, não fica nisso: ao sair e caminhar pelo passeio externo fui deparando com o abandono do conjunto que, pelo jeito, não é culpa do período de chuvas, já que o mato, no meio da calçada, está para mais de metro. Um descaso total com a coisa pública.

Acha que termina aqui. Ledo engano. Em conversa com a irmã sobre os motivos do passamento, essa me conta que o próprio depois de quinze dias de internação não resistiu a uma pneumonia dupla. Para ela, incomodava o fato do irmão, no início de seu calvário, ao encaminhar-se ao setor de emergências do Hospital do Ipsemg, em Belo Horizonte, a procura de tratamento, apresentava como sintoma dores incômodas nas costas. Ao ser atendido pelo médico, conta-se que, depois de um aguçado exame de olhar, foi sentenciado e saiu do consultório com uma receita de anti-inflamatório. Tudo depois de três horas de espera e quase dois minutos de consulta. Passados alguns dias sem apresentar nenhuma melhora, retorna ao mesmo hospital e desta vez, para fim dos pecados, é atendido por outro médico que, prescreveu, antes de mais nada, uma radiografia do tórax. O intuito era confirmar ou não sintomas de pneumonia. Por azar era. E aí, já sabemos o final dessa história, quinze dias depois óbito. Pneumonia tratada com anti-inflamatório? Vai saber.

Para reflexão, de toda essa cruzada, fica a resposta dada pela irmã do falecido quando recebeu os cumprimentos de pêsames: “é a vontade de Deus!”. Depois de me fitar os olhos como a pedir autorização, respondeu: “vontade? Não. É má vontade e não é de Deus, mas do infeliz que não viu em meu irmão alguém que merecesse dele um pouco de atenção e uma radiografia”.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Atendimento call center: O problema continua.

O setor terciário (serviços) tem na economia brasileira um papel de relevância, mesmo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, apresentando uma pequena retração no quarto trimestre de 2008, os resultados alcançados são significativos 4,8%.

Entre os fatores que favoreceram esse desempenho está o grande desenvolvimento tecnológico que proporciona uma infinidade de novas atividades dentro da economia. Um desses, a terceirização de mão obra, apresentou resultados acima da média e as jóias da coroa são os call centers. Um dos maiores geradores de vagas de trabalho, com um crescimento do faturamento, previsto para 2009, de 11%, mesmo diante de toda a crise.

Todas essas modificações promovem junto à sociedade uma mudança nas relações empresa-cliente, o que era interpessoal passa rapidamente a ser mediada por equipamentos como telefones, computadores, gravações e etc. Um caos se instala e inicia-se o conflito. De um lado clientes completamente desinformados e abandonados. De outro atendentes, também, completamente desinformados e abandonados.

As dificuldades surgidas dessa relação, são fruto de um conjunto e regras que estão em vigor, para o atendimento ao consumidor pelos call centers das empresas. a partir 1º de dezembro de 2008. Novidades como prazo máximo de um minuto para o contato direto com o atendente, até 1,5 minuto, dependendo da atividade; O cancelamento do serviço imediatamente após o pedido do cliente; A opção de falar com o atendente no primeiro menu eletrônico e em todas as subdivisões; Qualquer informação requerida pelo consumidor terá que ser dada no mesmo momento e todas as reclamações terão que ser resolvidas em até cinco dias; O número de atendimento terá que ser gratuito e divulgado pelas empresas.

O atendimento aos consumidores deverá ser feito 24h por dia, todos os dias da semana; O consumidor também só terá que explicar o que deseja uma vez e não precisará repetir a história para todos os atendentes; Além disso, ele só poderá ser transferido uma única vez; Outra medida é que o consumidor poderá receber em casa, por e-mail ou SMS um recibo do atendimento. Ele terá que solicitar ao atendente para que isso ocorra.

Diante desse universo renovado, cercado de novas tecnologias, está o cliente que se imagina o vencedor, ledo engano. Muito cedo para essa conclusão. A realidade continua a mesma e, com ela um sem numero de clientes, usuários e correntistas completamente insatisfeitos e a beira e um ataque de nervos.

À distância e o anonimato continuam como os principais contribuintes para o grande volume de problemas que faz dessa relação um permanente conflito. O bom de tudo é que esse novo aspecto traz à tona novos e criativos hábitos e modos como os da aposentada Eleonora Santos Neves, 72, que desenvolveu um sistema próprio de convivência.
Quando necessita realizar uma reclamação, ela, faz, inicialmente, toda uma preparação e destina um dia todo para essa tarefa. Faço um bom lanche, porque, dependendo do assunto fico até 2h ao telefone, afirma Eleonora. Que na última vez, quando foi reclamar de um telefone celular que havia recebido de brinde e não funcionava, bateu o recorde ao ficar 3h.

Além, como afirma, de ver-se diante de situação inédita e inusitada. Como o telefone celular recebido de bônus não funcionava, usou o telefone fixo de sua residência para realizar a ligação. Tamanha foi sua surpresa quando foi informada que esse tipo de reclamação só poderia ser realizada de um telefone da própria operadora. O que para ela naquele momento era impossível. Não bastasse, ainda ouviu da atendente que deveria descer até a rua interceptar um transeunte e solicitar-lhe o telefone, desde que fosse da mesma operadora. O que ela concordou. Desde que a atendente me esperasse na linha, termina.

Abusos desse tipo, hoje, são comuns e são contornados pelo cliente das maneiras mais criativas. Uma dessas é o “Carente”, personagem criado por Fernando Souto, 35, economista, que a utiliza para atender ligações nas quais lhe ofereçam algum tipo de serviço, cartão, doação entre tantos. - Que bom que você ligou, ilustra Souto, espera aí. Vou pegar uma cadeira e me sentar para conversar com você com calma, enfatiza. Sabe o que é? É que ninguém me liga. Tenho me sentido muito só. Meu medico me mandou conversar com as pessoas. Contar meu problemas. - A conversa normalmente termina aí, completa sorrindo o economista.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A Esfinge fala...


Por algum tempo nos vimos livres das manfestações etéreas da grande Esfinge. Essa personagem da política nacioanal (sic), que achávamos já estivesse mumificada. Após o exercício do mandato como rainha da inglaterra (sic) entre nós, FHC ressurge dos mortos.
Agora como paladino da neo-demoniocracia, ladeado por vários dos seus cães adestrados e eleitos, volta pregando o ressurgimento do neo-liberacanismo (sic).
É crítico ácido da politica do governo atual por não aceitar ver seu lugar ocupado por pessoa que, acredita, não tem estatura intelectual, erudita, acadêmica, imperial, racional, moral, espiritual e filosofal entre uma série de outras. Essa dificuldade, particular, de não se ver nas outras pessoas, o faz cada vez mais aproximar-se daquele que acha ser o único capaz de cumprir a tarefa celestial de exterminar o que começou, que hoje, frustradamente vê interrompida: ele mesmo.
Isso mesmo! FHC II só pode ser o próprio FHC I. Por isso a Esfinge se coloca ora com um, ora com outro, nunca sem antes estar consigo mesmo.
Amigo, como bem disse, de banqueiros amarelos, pretos, marrons, cinzas e todas as cores demonstra, aquí, uma de suas inúmeras e divinas virtudes, a de camaleão. Não esqueçamos o Itamar tá bom, a quem brutosmente (sic) falando e com o cinismo de sempre, traiu. Sorria em salamaleques durante o dia e a noite riscava o nome do pobre da história. Até tu, tatu?
Outro fato recente que vem comprovar e esclarecer seus dons etéreos é o aparecimento de membro seu assombrando um gabinete no senado. Vai saber...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sexta feira, 13 de junho. Dia de Sant...


Sexta feira, 13 de junho. Dia de Santo Antônio.


Arildo Ferreira Hostalácio.


 


 


Para quem acredita na sorte, ou na falta dela. Hoje é o dia! Além de uma sexta feira 13 é também dia do santo casamenteiro e grande milagreiro, Antônio de Pádua.


Nascido em Lisboa, em 15 de Agosto de 1195,  recebeu no batismo o nome de Fernando, único herdeiro de abastada família lisboeta. A opção pelo hábito o levou inicialmente para o serviço da ordem de Santo Agostinho, mas é na ordem de São Francisco, a quem conheceu pessoalmente, que desenvolveu seus estudos religiosos e seus dons espirituais. O que o fez ser eleito pelos fieis como o protetor dos pobres, o auxílio na busca de objetos ou pessoas perdidas e o amigo nas causas do coração.


E é das causas do coração, ou por elas, que hoje, é certo, o Santo por sua imagem há de padecer em fervuras, afogamentos e até em enterros. Tudo isso para que os de coração solitário possam por seu intermédio conseguir, do destino, o amor que acreditam ainda lhes falte.

Em casa, havia uma empregada, que há muito vinha desenvolvendo  um desejo insaciável de se casar. A todos se acercava com o pedido: Que lhe encaminhassem um marido. E que esse desse fim a suas quenturas. Vivia em lamurias de despeito das outras com quem convivia, principalmente, as que arrumavam casamento.

No seu grande desespero passou o problema para o Santo. E, desde então, a imagem que possuía padeceu. E como padeceu. Enterro de sete dias, de quinze, de vinte e depois de sessenta. De cabeça para baixo e de lado. Não resolveu.


Do enterro, passou para o afogamento. Era comum encontramos com santo no fundo de uma bacia ou mesmo na banheira. Lá embaixo amarrado a uma pedra pelo pé, ou pela cabeça. novamente não deu certo.


A cada insucesso aumentava o desespero e a tal imagem passava por outra sessão de torturas. E tantas foram, até que um dia, foi posta a ferver junto ao feijão preto. E ali ficou de castigo. Ferveu, ferveu e ferveu. Depois de devidamente escorrido o feijão e coada a imagem  não se sabe o porque o santo de tanto que ferveu junto ao feijão, descoloriu e mudou de cor. Ficou preta. Completamente preta.


Para ela, ali estava à explicação de tantas desventuras. Viu renascer a esperança, e apesar de perdido o feijão e quase o emprego, vislumbrou a solução. Pois, sabia que o santo nunca lhe falharia, mas aquela imagem que ali estava era fruto de enganação. O santo, coitado, era outro. Era São Benedito e por isso não funcionava.


 


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Caos do trânsito


Gravado em novembro 2008 para o Jornal da Estácio - BH

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Flores, borboletas e Mulheres.

Acredito que borboletas são flores,
Flores que voam,
Flores que se libertam,
Não se satisfazem em ser flores,
Querem ser mais.
Não se satisfazem em ter perfume,
Querem mais.
Não se satisfazem em sentir o sol,
Querem o sol.
Querem sair para o mundo.

Eu tenho uma borboleta,
Que já foi uma flor e não quis mais ficar no mesmo lugar,
Nas mesmas coisas, e quer ser mais borboleta ainda.
Quer ser mulher!
Bom, desta mulher,só posso dizer da borboleta,
Que amo porque me faz bem,
Que desejo sempre estar por perto,
E que quero sempre livre,
Porque assim, no seu ir e vir,
Sempre que escolhe ficar,
Me faz mais feliz.